
Cananéia - Tradição Musical e Religiosa
Membros das Comunidades de Cananéia e São Paulo – Bagre
Gravação de som realizada nos dias 14, 15 e 16 de setembro de 1982 na cidade de Cananéia e povoado de São Paulo - Bagre, São Paulo. (2 microfones AKG D 1200, gravador Sony D5, fita Scotch. Edição da fita no Estúdio TACAPE-SP. Matrizado na Tapecar, RJ. Gravação, edição e supervisão de Conrado Silva. Fotografias do archivo de Armando Lisboa da Veiga (capa) e Plácido de Campos Junior (encarte). Arte final, Ary Luiz Bon. Produção: Plácido de Campos Junior, Anna Maria Kieffer e Conrado Silva, Edições Tacape, Caixa Postal 112, 36300 São João Del-Rei, MG, 1982.
Capa e Encarte
Textos do Encarte
CANANÉIA
TRADIÇÃO MUSICAL E RELIGIOSA
TACAPE — Série Música dos Povos - Estéreo - T008
Lado A
—Reiada de Cananéia — Chegada
—Reiada de Cananéia — Despedida
—Romaria do Divino Espírito Santo — Chegada
—Romaria do Divino Espírito Santo — Despedida
LADO B
— Terço Cantado
— Fandango
Intérpretes: Membros das Comunidades de Cananéia e São Paulo – Bagre.
As cidades do litoral paulista têm uma tradição que remonta dos tempos da primeira colonização, e muitas delas apresentam vestígios preciosos que poderíamos chamar de raízes da cultura brasileira.
Alertados pela importância dos poucos exemplares ainda existentes em nosso Estado, principalmente no campo da arquitetura, valemo-nos de nossos trabalhos à frente do Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado — o CONDEPHAAT —, desde 1968, quando da criação deste órgão de Estado, para proceder ao levantamento urgente e inadiável de tudo o que restava da época colonial em inúmeras cidades litorâneas, tais como:
Ubatuba, São Sebastião, Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Itanhaem, Iperoig, Iguape, Cananéia e Iporanga, sendo estas três últimas localizadas no Vale do Ribeira, sul do Estado.
Evidentemente há ainda um enorme trabalho a ser efetuado, refletindo todo o acervo cultural daquelas regiões nos seus mais diversos setores, preservado pelo povo desses lugares, como a levar consigo e para os outros os exemplos raros da sua cultura, cultura esta que chamamos nossa.
Assim, foi com entusiasmo que abraçamos a ideia da elaboração e lançamento deste disco, resultado de um amplo levantamento da tradição musical e religiosa de Cananéia, a tradicional MARATAYAMA, sendo esta a primeira cidade a ser focalizada neste trabalho inestimável de seus realizadores.
Esperamos que esta gravação, ao lado do seu significado musicológico e de sua importância em possibilitar uma troca de experiência e divulgação de obras de composição popular, tenha uma finalidade absolutamente pragmática, fornecendo sugestões de cunho cultural adequados à realidade brasileira.
Fazemos votos também que nossas gravações venham a ser complementadas abordando a expressão musical das demais cidades artísticas e históricas paulistas, através da estreita colaboração entre a Secretaria de Estado da Cultura e o Instituto Histórico e Geográfico Guarujá-Bertioga.
LÚCIA P. F. DE MELLO FALKENBERG,
Presidente do I.H.G.G.B.
Patrocínio: Governo do Estado de São Paulo/Governador José Maria Marin Secretaria de Estado da Cultura/Secretário João Carlos Martins
Promoção: Instituto Histórico e Geográfico Guarujá-Bertioga
"Sábado, doze dias do mês de agosto (de 1531) com vento nordeste fazíamos o caminho de sudoeste e ao meio-dia vimos terra: seríamos dela um tiro de bombarda; por nos afastar dela, viramos no bordo do mar (e) mandou o Capitão I arribar para fazermos nossa viagem para o Rio de Santa Maria; e fazendo o caminho de sudoeste demos com uma ilha. Quiz a Nossa Senhora e a Bem-Aventurada Santa Clara, cujo dia era, que alimpou a névoa e reconhecemos ser a Ilha de Cananéia..."
PERO LOPES DE SOUSA NO "DIÁRIO DA NAVEGAÇÃO DA ARMADA"
Segundo Antonio Paulino de Almeida, a ilha mencionada não era a de Cananéia mas a de Bom Abrigo que, juntamente com a Ilha do Cardoso, parte da Ilha Comprida e uma faixa de terra situada no Continente, formam, hoje, o Município de Cananéia, localizado no litoral sul do estado de São Paulo.
Nessa região, Martim Afonso de Sousa encontrou, em 1531, o degredado português chamado "Bacharel de Cananéia" e alguns castelhanos, talvez náufragos da expedição de Joan Diaz de Solis, vivendo em harmonia com os tupis e formando um dos mais antigos povoados do Brasil-Colônia.
Marco Sul do Meridiano de Tordesilhas, Cananéia foi palco de violentas disputas entre portugueses e espanhóis, apaziguadas, em parte, pela ação dos jesuítas que aí estiveram desde-1554.
O conflito relativo à demarcação de terras gerou, já no século XVII, a necessidade de embarcações que pudessem transportar tropas para o Sul.
Daí o crescimento de uma importante indústria de Construção Naval que, em 1782, contava com 16 estaleiros.
Durante o século XIX, desenvolveu-se a lavoura local, especialmente o cultivo do arroz e da mandioca. Hoje Cananéia vive da pesca e, infelizmente, de especulação imobiliária provocada por grandes loteamentos turísticos. Em virtude de sua antiguidade, de seu processo de desenvolvimento e de sua condição de "ilha" decidimos empreender um levantamento de suas tradições musicais e religiosas cujo resultado aparece, em parte, nesta gravação e que, pela sua importância, merece, a posteriori, um estudo mais detalhado.
TERÇO CANTADO
Unicamente vocal, segundo o informante Aristides Mateus, o terço era "puxado", antigamente, pelo "rezador" e respondido por homens e mulheres a duas vozes.
Havia diferentes tipos de "terço", para distintas ocasiões: o mais comum constituído pelas orações que normalmente compõe o Rosário.
Atualmente, em Cananéia, o informante e Leonardo Policarpo de Freitas (Jacaré) afirmam serem os únicos a saber rezar o terço na cidade, sendo que "rezar", aqui, tem o significado' de "cantar" pois não se concebe reza que não seja cantada. "Rezava-se" o terço em casa, diante do oratório, com a participação de toda a família ou na "Casa de Santo", pequena construção-oratório que servia à comunidade, nos sítios mais afastados, em falta de igreja.
O "Terço" aqui registrado é chamado pelo informante de "Terço Grande" e é rezado por ocasião da morte de alguém ou na época de Finados.
Apresenta construção diferente do "Terço" comum e é formado pelas seguintes orações:
Pelo Sinal
Deus vos salve, Maria
Glória
Pai Nosso
Ave Maria
Pelas vossas chagas (oração a São Sebastião)
Bendito
Nesta mesa me ajoelho
Esta bendita divina
"Abris" a porta
12 "Incelências"
Deus vos salve, Cruz Bendita
o "terço" é encerrado pelo "Beijamento", quando é beijado o santo no altar.
Aristides Mateus tem 36 anos e reza o terço desde os 13, quando morreu seu mestre, Nascimento Soares, aos 93 anos, que o tinha aprendido do pai, o que equivale dizer que em 1840 já era costume rezar-se o "Terço Grande" em Cananéia.
FANDANGO
O Fandango era dançado em Portugal já no século XVII, vindo da Espanha e no século seguinte era considerado como dança nacional, animando os bailes da corte e chegando até às ruas.
No Brasil, St. Hilaire presencia um Fandango no Paraná, em 1820 e vários autores se referem à sua presença nos festejos do Paço de São Cristovão, no Rio de Janeiro.
O Fandango de Cananéia é, antes de mais nada, um baile que reune diversas danças regionais denominadas "marcas de Fandango" que tem coreografia própria e que se dividem em dois grandes grupos: as "bailadas" e as "rufadas".
As primeiras pertencem danças executadas por homens e mulheres "arrastando os pés"; às segundas, danças em que entram batidas de pés e mãos.
Somente os homens "rufam", calçados de tamancos, sobre um tabuado de madeira, enquanto as mulheres realizam evoluções mais discretas.
Por fim retiram-se, deixando aos homens o "arremate", verdadeira prova de virtuosismo.
"Ao Fandanog Bailado" pertencem as seguintes "marcas": Autoria, Mangericão, Sapo, Vilão, Sinsará, Gaivota, São Gonçalo.
Ao “Rufado” pertencem as "marcas" do Anu Paraguai, Anu Corrido, Tonta, Nhá Aninha, Serrana, Feliz, Chamarrita, Queromana, Andorinha.
O bater dos pês e mãos é sempre realizado em uníssono, sob as ordens do "Mestre" que dirige o baila. Antigamente o Fandango era dançado sobre um tabuado em baixo do qual cavavam um grande buraco que funcionava como caixa acústica e “o rufar do Fandango se ouvia há léguas".
O Fandango aqui registrado realizou-se num sítio que é também um bairro de Cananéia: São Paulo – Bagre.
Começou com uma dança em louvor de São Gonçalo que é “bailada”.
Os pares iam entrando um a um, a mão direita da dama apoiada sobre a esquerda do cavalheiro formando um grande círculo.
Pouco a pouco se aproximavam do Santo, representado por um vaso de flores silvestres sobre uma mesa e o beijavam sem parar de dançar.
Seguiram-se outras danças sempre na proporção de duas bailadas para uma rufada.
A orquestra do Fandango era composta por dois cantores que se acompanhavam à viola, um violão, uma "rebeca" (rabeca) e um pandeiro.
Reunimos aqui, um trecho da "Dança de São Gonçalo", o depoimento de Juvenal Rodrigues sobre "marcas" de Fandango e um exemplo do "rufado" Andorinha.
A REIADA
A Reiada, também chamada "Folia do Santo Rei" é um folguedo de cunho religioso e se desenvolve entre o Natal e o Dia de Reis (6 de janeiro).
Pretende reproduzir a viagem dos Reis Magos a Belém, por ocasião do nascimento de Cristo e parece ter sido introduzida no Brasil como elemento de catequese.
Antigamente os componentes da folia saiam à noite, de casa em casa, para cantar diante de oratórios e presépios.
Hoje, a tradição persiste, mas canta-se mesmo nas casas onde não há presépio.
A Reiada leva um estandarte que a identifica e seu portador encarrega-se, também, de receber as contribuições que servirão para cobrir os gastos da grande Festa do Dia de Reis.
Geralmente canta-se três vezes em cada casa: um canto de "Chegada", um de "Adoração" e um de Despedida ".
Ao contrário de outras “Folias de Reis", a "Reiada" de Cananéia não possui elementos cômicos, geralmente representados pelos "palhaços". Seus integrantes executam os cantos de maneira muito compenetrada, erguendo a viola em "posição de respeito" quando os versos falam de Cristo.
O chefe da “Reiada” e o “Mestre” que "puxa” os versos acompanhando-se à viola, seguido do "Tenor", que se acompanha ao cavaquinho e do "Tipe" (corruptela de tiple, voz masculina sobreaguda).
Complementam o instrumental da "Reiada" uma "rebeca" (rabeca) e um triângulo.
A "Reiada" de Cananéia é realizada anualmente e conta com a coordenação de João Cassiano Martins, o "João da Toca", 46 anos, dono do bar, a Toca da Onça".
Nascido em sítio, não quiz ver morrer as tradições de sua infância e reuniu aqueles que ainda se lembravam da “Folia do Santo Rei" e da "Festa do Divino".
Foi ele quem escolheu os dois episódios da "Reiada" que constam deste disco:um canto de "Chegada” e um de "Despedida”.
ROMARIA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
Segundo Teófilo Braga, a "Festa do Divino" é de tradição germânica e foi introduzida em Portugal peta Rainha Isabel, mulher de D. Diniz, no século XIII.
Em Cananéia, o costume reza que a três de maio, duas bandeiras com a efígie do "Divino" (uma pomba branca) partem em canoas, uma para o norte e outra pata o sul.
Os músicos que as acompanham são chamados "Tripulantes do Divino" e os portadores das bandeiras, "Alferes da Bandeira". Como na “Reiada", os "tripulantes” se deslocam de sítio em sítio, cantando e recolhendo fundos para a festa.
A bandeira do "Divino" é, geralmente, de fundo vermelho; seu mastro encimado por uma pombinha de madeira enfeitada de fitas.
A casa onde o "Divino" pára é chamada "pouso" e receber sua visita é grande honra pois representa "a descida do Espírito Santo".
É crença geral que, por onde passa, o "Divino" leva bênçãos, afugentando doenças e pragas.
Depois de percorridos todos os sítios, as bandeiras se reúnem na entrada da cidade, terminando a parte chamada "Romaria", de onde selecionamos um canto de "Chegada" e outro de "Despedida".
A “Festa do Divino" em sua totalidade não é mais celebrada em Cananéia há cerca de vinte anos.
Dela faziam parte, ainda, as “Novenas", a "Alvorada", a "Bênção da Coroa", o sorteio e a coroação do novo "Imperador do Divino” (responsável pela organização da próxima Festa) a "Missa de dia 23 de junho", a "Procissão", a Quermesse, enfim, atividades onde folclore e religiosidade se misturam, diferenças sociais se evidenciam, numa manifestação autêntica, mas de difícil aceitação por parte da Igreja contemporânea.
No entanto, população e vigário, parecem estar dispostos a fazer reviver o antigo costume, desde que observadas certas propostas que não deturpem a evento folclórico, mas que estejam de acordo com uma participação mais equânime da população.
O instrumental usado na "Romaria do Espírito Santo” é formado por duas violas, com que "Mestre" e "Tenor" se acompanham, pela voz sobreaguda do "Tipe", por uma rabeca e uma caixa.
SETEMBRO, 1982 — TEXTO: ANNA MARIA KIEFFER
MÚSICOS
Integrantes da "Reiada de Cananéia" que participaram na gravação:
Mestre (viola): Antonio Henrique Tambor (Totó), natural de Cananéia, 51 anos, pescador.
Tenor (cavaquinho): Leonardo Policarpo de Freitas (Jacaré), natural de Cananéia, 50 anos, pescador e vendedor de bilhetes de loteria.
"Tipe": Antonio Benedito Dias Camargo, natural de Cananéia, 22 anos, pescador. Aprendeu com Totó.
Rabeca: Davino Aguiar, natural de Cananéia, 46 anos, lavrador e construtor de rabecas e violas. As formas lhe foram dadas pelo tio há mais de trinta anos.
Triângulo: Delson Teixeira, 24 anos, parente de Jacaré.
Integrantes da "Romaria do Divino Espírito Santo" que participaram na gravação:
Mestre (viola): Leonardo Policarpo de Freitas (ver "Reiada").
Tenor (viola): Antonio Henrique Tambor (ver "Reiada").
"Tipe": Antonio Benedito Dias Camargo (ver "Reiada").
Rabeca: Davino Aguiar (ver "Reiada).
Caixa: Aristides Mateus, natural de Cananéia, 36 anos, pedreiro.
Rezadores do "Terço Cantado":
Aristides Mateus (ver "Romaria do Divino Espírito Santo").
Leonardo Policarpo de Freitas (ver "Reiada").
Integrantes do "Fandango" (músicos e dançadores):
Povo de São Paulo-Bagre, Cananéia.
Depoimento sobre as "marcas" do Fandango: Juvenal Rodrigues, natural da Ilha do Cardoso, 70 anos, pescador e artesão.
FACE A
A duração limitada de um disco nos obrigou a excluir, em sua edição final, algumas estrofes relativas à "Raiada" e à "Romaria do Espírito Santo". Publicamos aqui, no entanto a íntegra dos textos recolhidos, e as estrofes excluídas.
FACE B
O texto do "Terço Cantaao" vai reproduzido na íntegra, tanto aqui como no disco e respeitosamente grafado o mais proximamente possível da pronuncia original, por julgarmos seu valor semântico menos importante do que seu valor mágico-fonético.
Quanto aos textos do "Fandango", publicamos apenas uma parte deles: a algazarra provocada pela animação do baile tornou impossível sua transcrição integral.
REIADA: Canto de Chegada
Ó de casa nobre gente
Escutai que ouvireis
Que lá de parte do Oriente
Chegando são os Trás Reis
Chagando são os Três Reis
Cheios de fé e alegria
Que vieram visitar
O filho da Virgem Maria
As Estrela do Oriente
Que pro Norte aparecia
Que eles venham se guindo
Pelas Estrela da Guia
Baltazar e companhia
Puzeram-se a caminhar
Procuravam Jesus Cristo
Que em Belém foram achar
Em Belém foram achar
Revestido num altar
Santo Antonio diz a missa
E São Pedro lia o missar
Era possível Deus nascer
Em colchão de ouro fino
Para nos poder remir
Deus nasceu tão pobrezinho
Entre fitas de cristal
Agua brilhante corria
Jesus Crista já nasceu
O filho da Virgem Maria
Nossa Senhora Sant'Ana
Bateu o sino em Belém
Esperando do Oriente
Os Tias Reis que aqui vem
Isto já é madrugada
E o mundo resplandeceu
O galo está cantando
E Jesus Cristo já nasceu
Jesus Cristo já nasceu
E os galos já estão cantando
Isto já é madrugada
E as estrelas estão brilhando
As estrelas já estão brilhando
E a lua com seu clarão
Os Três Reis acompanhados
De tenente e Capitão
Acordai que estai, dormindo
No vosso sono profundo
Para receber o Rei
Que é a maravilha do mundo
Acordai que estais domindo
No vosso leito dourado
Para receber o Rei
Com toda prece e cuidado
Foi o Rei desceu abaixo
Ascendeu a Divina Luz
Vamos receber a bença
Do nosso mestre Jesus
Foi o Rei desceu abaixo
E acendeu o fogareiro
Alumiei-me Jesus Cristo
Meu senhor do mundo inteiro
Abri a porta sagrada
Que com Deus queremo entrar
Que aqui venham os Três Reis
Somente vos visitar
Entremos senhor entremos
Por este portão aberto
Visitar o menino Deus
No seu lindo nascimento
Entremos senhor entremos
por este portão sagrado
Visitar o Menino Deus
Entre palhinha deitada
Aqui venham os Trás Reis
Com prazer a satisfação
Acompanhados dos anjos
São Pedro e São João
Se tiver de dar (a)o Rei
É preciso dai agora
Pois não sabeis o quanto custa
Andar de noite por fora
Havereis de dar ao Rei
Dai agora que é preciso
Que vos dê ou que não der
Mas Deus vos dai o Paraíso.
REIADA: Canto de Despedida
Se despede o Santo Rei
Com sua coroa real
Já cumpriu com seu dever
Podei vos alevantar
Mas o Rei do Oriente
Foi agradecer o Senhor
Ele vai falar com Jesus Cristo
Para pagar vosso favor
Entregaste a vossa oferta
A par com vossa mulher
No mundo será dotado
Terás o que vos quizer
Ofertaste o folião
Caril vossa bebida fina
Vos terás o vinho doce
Que vem da Glória Divina
Salve Vossa Magestade
Todo brilhante de ouro
Vai deixar vossa morada
Até pro ano vindouro
Se despede o Santo Rei
Se despede e vai embora
Devoto fique com Deus
Que noz vai com Nossa Senhora.
ROMARIA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO: Canto de Chegada
Divino Espírito Santo
Que ande em sua missão
Quem canta o Hino da Glória
Nesta linda ocasião
Deus vai saber recatar
Como está todo enfeitado
E o Espírito Santo rezando
Com o seu poder sagrado
Deus senhor dono da casa
Que hoje deve estar contente
Com o Divino Espírito Santo
Rezando na sua frente
(variante: que hoje reza em sua frente)
Rezando nesta bandeira
Este Rei que adivinha
Dê pro mund(o) tanta saúde
Do senhor e sua família
Divino Espírito Santo
Brilha na flor e no pano
E anda cumprindo missão
Devoção de todo ano
Divino Espirito Santo
Que vem da Glória sagrado
Que vem cantá o Hino do Céu
E veio por Jesus mandado
Divino Espírito Santo
Já fiz sua obrigação
Também lhe pedi um auxílio
E uma prenda pro leilão.
ROMARIA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO: Canto de Despedida
Divino Espirito Santo
De bonito se alvorou
Venha cá prazer dos anjos
Prá pagar vosso favor
Meu senhor dê sua oferta
Pro Divino Espírito Santo
Ele mesmo é quem lhe dá
Em sua mão outro tanto
Meu senhor dê sua oferta
Co'a família reunido
No inundo o que precisares
Por Jesus será podido
Homem de bom coração
Jesus Cristo reparou
Veio da Glória voando
Prá pagar vosso favor
Divino Espírito Santo
Bate as asa e vai embora
Diz adeus prá Santo Antonio
E s'agradá Nossa Senhora
Diz adeus e vai embora
E até pro ano vortá
Abraçando com seus poderes.
Seu devoto que aqui está
Diz adeus e vai embora
Nesse sagrado momento
Está nos alumiando
Com a luz do Sacramento
Divino Esprito Santo
Diz adeus e vai embora
Fiquem devotos cem Deus
Nessa consagrada hora.
TERÇO CANTADO
Pelo sinai da Santa Cruiz, livra-me Deus nosso
Senhor das nosso inimigo, em nome do Pai,
do Fío, do Ispírito Santo, Amém.
Deus vos sarve Maria mãe de Deus Pai
Deus vos sarve Maria isposa de Santíssima trindade
Deus vos sarve Maria...do Ispírito Santo.
Glória Patre et Filio et Deus Spírito Santo
Et in terra di principi et di principi
Et in seculorum seculorum Amém.
Amado Jisuis e José. Juaquim Ana e Maria
Eu corto meu coração i arma minha.
Padi nosso qui istais no ceo. santificado seja o vosso nome, venha nóis o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no ceu. O pão nosso de cada dia nos dai hoji o perdão de nossas dívidas assim como nós perdoamos é os nossos devedores nossa gente de não cair em tentação livrai-nos Senhor do mar i Amém.
Ave Maria cheia de Graça o senhor é convosco bindita sois entre as mulheres bindito á o fruto de vosso ventre Jesuis.
Pala vossa chaga, pela vossa cruiz
Nos liviá da peste, Senhor Som Jesuis
São Seubastião, vos tende curêio
Nos liviai da peste, Senhor verdadeiro
São Seubastião, vosso podê dais
Nos liviai da peste, fim de nos guardai
São Seubastião, foste capitão
Venceste a bataia, com arma na mão
São Seuastião, vos de Deus querido
Nos liviai de peste, tenho vos pidido
Bendito é louvado nosso amor u Bom Jesuis
Remiste no mundo, calvado na cruiz
Calvado na cruiz só para nos sarvá
I nois tão ingrato sempre a pecá
Sempre a pecar o que havemo fazê
Ninguém considera que há de morre
Nesta mesa mi ajuelho
Nesta mesa generá
O meu coração só nega
...... com manjá
Um manjá tão incelêncio
Concebido do Senhô
Conto eia abra ó Senhora
Que será meu confessô
Esta bindita divina
foi feita com fundamento
Olha arguém as sua culpa
Recordai seu pensamento
Armas se tu bem soubesse
Recordavam toda hora
Da morte paixão de Cristo
E dores de Nossa Sinhora
Os judeus já foram tanto
Que Jesuis já se ernprantou
Um no rosto lhe cuspia
E outro na barba puxou
A lançada que vos deste
Longuinho por sua mão
Ofendeu Jesuis nos peito
E Maria no coração
Abrís a porta que lá vem Jesuis
E vem morto cansado do peso da cruiz
Vem de porta em porta, vem de rua em rua
Condenou minh’arma sem curpa nenhuma
Uma Incelência, quedê meu sinhô Deus
Minha santa aventurosa do tempo sacrário
Sacrários abéo, saiu o sinhor fora
Venha receber as arma qui já vão para a Grória.
Duas Incelência, etc.
Dozi Incelência, etc.
Deus vos sarve ó cruiz bendita
Donde o Bom Jesuis morreu
Foi morto concificado
Por respeito dos judeu.
FANDANGO
Abertura: Dança de São Gonçalo
Glorioso São Gonçalo
Casamenteiro das velhas
Por que não casai as outras
Que mal lhe fizeram elas
Quem beijá meu São Gonçalo
Vai ganhar a salvação
São Gonçalo está no altá
Com sua viola na mão
São Gonçalo já foi padre
Agora é marinheiro
Ele andou embarcado
Até o Rio de Janeiro
Vam 'acabá co'esta moda
Prá outra recomeçá
O meu pai é São Gonçalo!
ANDORINHA
Eu como não sou daqui
Amanhã já vou m'embora
Neste mato não tem passarinho
Vou m'embora pá cidade
Que os cara tão me chamando
Neste mato não tem passarinho
Neste mato não tem passarinho
Passarinho chamado andorinha
Andorinha voôu foi embora
Fazê ninho no gaio d’amora
O perdão pelas minina
O perdão pelas senhora
Pelo bem que se namora
Eu como não sou daquí
Amanhã já vou m'embora
Neste mato não tem passarinho