
Marchas dos Passos e da Paixão
Banda Theodoro de Faria
(São João Del-Rei)
Regência: Maestro Tadeu Nicolau Rodrigues
Fotografia: João Ramalho Neto
Fabricado por Gravações Elétricas S/A, Rio de Janeiro.
Digitalizado por Marcos Filho, 2023.
Arquivo do Centro de Referência Musicológica José Maria Neves.
Capa e Encarte
Textos do Encarte
Marchas dos Passos e da Paixão - São João Del-Rey
Lado A
BANDA THEODORO DE FARIA
1 – MARCHA DOS PASSOS
Martiniano Ribeiro Bastos
LADO B
BANDA THEODORO DE FARIA
1 – MARCHA DA PAIXÃO
Ireno Batista Lopes
IRENO BATISTA LOPES
Nasceu em São João del-Rei, Estado de Minas Gerais, aos quatro de novembro de 1828. Aí exerceu todas as suas atividades e por mais de vinte anos foi professor de música.
Seguindo a tradição musical da "Família Batista Lopes", foi membro da Orquestra Lira Sanjoanense da qual participou como instrumentista da Banda e da Orquestra, legando à Corporação Grande número de obras e vultosa quantidade de cópias musicais onde ficou evidenciada sua bela caligrafia musical.
Sua obra mais conhecida é a “MARCHA DA PAIXÃO”. É executada somente na Sexta-feira Santa durante a procissão do Enterro do Senhor. É uma obra simples, onde a melodia supera o tratamento harmônico, e, pela singeleza com ela é exposta, num ambiente espiritual de religioso encantamento que envolve a cerimônia, ela atinge plenamente os efeitos sonoros desejados. É um pranto sentido acompanhando o enterro de nosso Salvador. Justamente na simplicidade de sua obra é que reside sua maior força e faz com que ela permaneça viva nas tradições religiosas de São João del-Rei.
Ireno Batista Lopes faleceu em sua terra natal aos dois de junho de 1882.
MARTINIANO RIBEIRO BASTOS
Nasceu em São João del-Rei aos 12.11.1834.
Menino ainda, se dedica aos estudo da música com Francisco José das Chagas – Mestre Chagas (1814-1859), a quem substituiu na direção da corporação musical fundada por seu mestre, em 1840. Ribeiro Bastos se revela à frente da Orquestra que hoje tem o seu nome, um ótimo regente, um notável pedagogo e fértil compositor. Para suprir sua corporação musical, começa a lecionar música, indo buscar, no meio humilde, crianças que chega quase a adotar como filhos, e transforma em ótimos instrumentistas e cantores que confirmam o conceito de São João del-Rei como grande centro de cultura musical. Na composição, Ribeiro Bastos revela a sólida formação recebida e ampliada pelo contínuo estudo de obras de grandes compositores.
Compôs obras para as solenidades da Ordem 3ª de S. Francisco de Assis, à qual serviu pelo longo espaço de 53 anos. Para as comemorações da Paixão de N. S. Jesus Cristo, compõe vultosa obra. Destaca-se de modo todo especial a "MARCHA DOS PASSOS" pelo seu tom trágico que renuncia o doloroso drama da Paixão.
No 4º. sábado da Quaresma em São João del-Rei se realiza o “Depósito de Passos” que é a transladação solene da veneranda imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, velada, da Catedral Basílica de N. S. do Pilar para o suntuoso templo franciscano.
Esta procissão se reveste de um clima solene e imponente. A "MARCHA DOS PASSOS" é então executada, antes e durante todo o trajeto da procissão. Esta música já faz parte das grandes tradições sanjoanenses, sendo somente executada nesse dia e no Domingo de Encontro. É uma obra muito bem estruturada em que Ribeiro Bastos, com mínimo de recursos técnicos, conseguiu o máximo de efeitos sonoros.
Dentro dos padrões da marcha processional, divide-se em três partes. Na primeira parte, a introdução, após os acordes iniciais, lança o primeiro motivo com a melodia confiada aos trompetes: na segunda parte os trombones, em uníssono, fazem a melodia em cantabile com interferências de pequenas frases em contracanto pelas madeiras: na terceira e última parte as madeiras cantam um tema melancólico, e
com tuttis nos metais, como no início da marcha, preparam a repetição do trecho para o final da obra.
Martiniano Ribeiro Bastos faleceu em sua terra natal aos oito dias de dezembro de 1912.
(De Aluízio Viegas)