Sinos

A cidade histórica de São João del-Rei, em Minas Gerais, foi um grande expoente do ciclo do ouro, com mais de 300 anos de história. Preserva até os dias atuais tradições religiosas, culturais e sociais do séc. XVIII. Dentre essas tradições está a linguagem dos sinos, preservada por gerações e recentemente registrada como Patrimônio Nacional, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, (IPHAN), em 2009. É, sem dúvida, a cidade onde tal linguagem encontra-se mais preservada no Brasil.

A tradição sineira no Brasil está profundamente ligada a chegada do colonizador lusitano no séc. XVI, embora a comunicação por sinais propriamente dita já fosse algo bastante utilizada também pelos índios. O sino já era firmado na Europa como objeto imprescindível para a comunicação da Igreja nas vilas. Os ritos eram os propagadores da fé católica e os sinos eram os anunciantes de todas as atividades a serem realizadas pela Igreja, bem como de outras atividades civis (DANGELO et al, 2013: p. 37).

A catalogação dos toques dos sinos são-joanenses foi dirigida pelo Sr. Henrique Clemente Fernandes e posteriormente publicada em A Quaresma e a Semana Santa em São João del-Rei, em 1981. Posteriormente, foi ampliada por Aloízio Viegas, conforme dito anteriormente. A publicação de Viegas, descrita também no livro de Dangelo, classifica os tipos de toques em dobre simples, dobre duplo e repiques, bem como apresenta um esquema que tenta agrupar ao calendário litúrgico os toques executados (DANGELO, 2013: p. 86-97).

Quanto a função dos sinos na execução dos repiques: o pequeno faz a marcação; o médio faz a transição de timbres, enche o repique e dialoga com o grande, que responde ritmicamente e se apresenta hierarquicamente do ponto de vista sonoro, como o representante principal da Ordem. (DANGELO, 2013: p. 102).

[Texto retirado de: VIEIRA, Yuri Honorato; CARDOSO FILHO, Marcos Edson. A Influência africana na Linguagem dos Sinos de São João del-Rei. Relatório de Iniciação Científica. São João del-Rei: UFSJ, 2017.]