Orquestra Ribeiro Bastos
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Já é quase habitual associar-se a música colonial mineira ao nome da Orquestra Ribeiro Bastos, em razão das inúmeras apresentações do repertório desta época realizadas por este grupo nos quatro cantos do país e pela divulgação trazida pela difusão de seus discos. Mas isto não represente a verdade, ainda existem e atuam em Minas Gerais outras corporações musicais antigas, que prolongam a antiga tradição musical da região e preservam documentos trazidos de outros pontos do Brasil.
Sabe-se que a vida musical nas Minas Gerais e no Brasil no século XVIII era rica e intensa, em grande parte por causa das necessidades da liturgia católica. Cada vila pouco mais importante tinha seus compositores e suas corporações que reuniam cantores e instrumentistas. Mas a diminuição das riquezas, durante o século XIX, foi fatal para estas vilas e corporações: as vilas ficaram estagnadas em sua vida passada, quando não regrediram até o desaparecimento, e as corporações, por perderem sua função religiosa e social, deixaram de existir. A perda desta função causou o desaparecimento de antigas corporações também em vilas que tiveram um certo grau de crescimento material, mas onde a preocupação com o fato cultural tornou-se secundária.
Hoje, graças a estudos musicológicos mais aprofundados, pode-se aquilatar o que foi este momento musical e sabe-se o valor de compositores como Emerico João de Deus, Manoel Dias, Gerônimo de Souza Lobo, Santos Cunha e muitos outros.
São João Del-Rei foi caso raro: os dois grupos tradicionais da cidade mantiveram-se vivos e atuantes até hoje, através da atividade de amadores que, no correr dos anos, tiveram consciência da importância da herança que recebiam de seus antepassados musicais (estes, profissionais) e lutaram para preservá-la. Em todos os dias do ano, as missas principais são acompanhadas por uma das duas orquestras, que mantém os antigos contratos assinados com as irmandades religiosas. No que se refere à Orquestra Ribeiro Bastos ela está presente em duas missas semanais na Matriz do Pilar (da Irmandade do Santíssimo e da Irmandade de Passos) e na grande missa dominical da Ordem Terceira de São Francisco, além de responsabilizar-se pelo serviço musical de diversas novenas (Carmo, São Francisco, Cinco Chagas, Conceição) e de todos os ofícios da Festa de Passos e da Semana Santa. Esta é, sem dúvida, a época mais rica do calendário musical da cidade, uma vez que até hoje são cantadas não só as Missas Solenes, mas também cada Via Sacra, o Ofício de Ramos, os Três Ofícios de Trevas, as Paixões, o Ofício de Páscoa, as procissões, perfazendo algumas centenas de obras e enorme tempo dedicado com amor à música sacra.
A Orquestra Ribeiro Bastos é, antes de tudo, uma função: ela deixaria de existir se não estivesse respondendo à uma necessidade religiosa e cultural. Seus membros, todos amadores, dedicam seus dias às mais diversas ocupações e guardam seu tempo livre para ensaios e participação em cerimônias religiosas. Por isso mesmo, nem em São João Del-Rei nem em lugares onde vá, esta corporação não pode ser ouvida como uma orquestra de concertos. É parte da vida e da cultura daquela cidade e de Minas. Hoje como há duzentos anos atrás. É grupo que se esforça por manter viva a tradição, que busca construir repertório recuperando esta mesma tradição, que se preocupa em manter viva a chama e que, vez por outra, sai de sua cidade para dar a conhecer a maior número de pessoas algumas das preciosidades de seu acervo. Preservando não apenas papéis, mas também uma tradição interpretativa, certamente bem próxima da maneira como seu repertório era tocado no passado.
A Orquestra Ribeiro Bastos foi criada oficialmente em 1790. Juntamente com a Orquestra Lira Sanjoanense, fundada em 1776, são as duas orquestras mais antigas das Américas em atuação ininterrupta, talvez as duas mais antigas do mundo.
Apesar dos seus 222 anos, a Orquestra Ribeiro Bastos continua atuante. Divide também, irmamente, com a Orquestra Lira Sanjoanense os merecimentos e a responsabilidade de manter viva a tradição musical de São João del-Rei. Inquestionavelmente, são duas das poucas organizações destinadas exclusivamente ao cultivo, guarda e preservação da música colonial e imperial produzida em Minas Gerais, sobretudo na região da antiga Comarca do Rio das Mortes, cuja sede era a Vila de São João del-Rei.
Séc XVIII (aprox. 1790)
Instrumentação
CORDAS: Violino/ Viola/ Violoncelo/ Contrabaixo
MADEIRAS: Flauta/ Clarineta
METAIS: Trompa/ Trompete/ Bombardino/ Trombone
VOZ: Soprano/ Contralto/ Tenor/ Baixo
Atuação
Missas regulares na Igreja São Francisco de Assis e Na Igreja Matriz do Pilar (SJDR)
Na igreja Nossa Senhora do Carmo em Julho
Semana Santa de SJDR
Equipe Técnica (gravação, edição, mixagem e masterização)
Documento Sonoro Gravado pelo Programa de Extensão e Pesquisa Sons das Vertentes
Universidade Federal de São João del-Rei
Coordenação: Prof. Marcos Filho
Bolsistas - Gravação, edição e mixagem: Leonardo Avellar
Rick Vargas, Sulivan Ribeiro
Pesquisa: Tamires Rampinelli
Local de registro
Igreja do Pilar - São João del Rei
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