Congado da Maria | Moçambique e Catupé de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

O Moçambique e Catupé de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito da comunidade São Dimas, popularmente conhecido como "Congado da Maria", foi criado nos anos 2000 a partir de uma longa tradição congadeira no bairro São Dimas e na família da capitua Maria Auxiliadora Mártir (in memoriam). O grupo é o atual responsável pela tradicional Festa do Rosário do Bairro São Dimas.

O grupo não possui uma sede fixa, não recebe nenhum apoio do poder público e sobrevive de doações. Em entrevista, Maria Auxiliadora Martir destaca o racismo estrutural que impede que o grupo possa exercer sua manifestação religiosa na Igreja do Rosário, na região central da cidade. Os congadeiros tiveram que construir sua própria capela para poderem fazer seus ritos, na própria região de São Dimas, onde os integrantes do grupo consideram ter se formado um quilombo urbano. Essa exclusão do congado dos locais de crença em São João del-Rei, principalmente da Igreja do Rosário, construída por pessoas escravizadas, demonstra como as instituições de poder na cidade não valorizam e reconhecem essa parte de sua cultura. Ao alegar que o congado carrega muito sincretismo religioso para poder fazer seus ritos na capela, a instituição Igreja Católica está rejeitando a identidade e a cultura dos povos que construíram a cidade e a sociedade brasileira.